domingo, 28 de dezembro de 2008


RECEITA DE ANO NOVO

Para você ganhar um belíssimo Ano Novo na cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido (mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas (a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, mas com ele se come, se passeia, se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanhe ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens (planta recebe mensagens? passa telegramas?)
Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumidas nem parvamente acreditar que por decreto de esperança a partir de Janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

terça-feira, 9 de dezembro de 2008


"Sê tardio no fazer amigos
e constante no conservar a amizade.
Os íntimos que escolheres sejam,
não os que te podem dar maior prazer,
mas maior proveito;
não pessoas que falem o que é agradável,
mas o que é devido;
não que lisonjeiem,
mas que digam a verdade.
Se te acostumares a abrir os ouvidos à lisonja e a nela te compazeres,
jamais ouvirás a verdade."

Juan Luis Vives, in 'Introdução à Sabedoria'