sábado, 24 de novembro de 2012




“Gosto da palavra silêncio.
Ela me ensina sobre o vento
que faz cair a folha que não serve mais para ser árvore.
Sem alarde, desprende-se, autêntica,
e faz seu volo solo para secar suas seivas.
A dignidade de uma folha está em sua ausência de palavras.
Minha comunhão com as folhas vem
desde quando eu também fui uma.
Era um menino e, segundo meu vô,
eu não sabia que era ele a minha árvore.
Foi preciso que eu secasse para poder adubar outros silêncios.
De início não compreendi.
Só se sabe adubo ao longo de muitos anos.
É preciso que a terra o acolha em seus sulcos de silêncio e fertilidade.
Hoje sou composto de silêncios e palavras por vir.”
 
Carlos Eduardo Leal

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