Chove lá fora. 
Na janela ouço a chuva a repetir, 
em morse, o teu nome. 
A Aldeia parece agora ter apenas a luz do teu sorrir. 
E eu aqui, 
sentado no chão da lareira, 
apenas aqui... 
Não me inquiras como estou, 
por favor, 
peço-te. 
Sabes que a tua distância me deixa assim, 
amorfo, sem existência, 
como se tu fosses a luz do meu coração, 
aquele que jorra o sangue que me nutre a alma. 
Sem ti quem sou ? 
Escassamente um fragmento de vento que se equilibra no caos
da solidão. 
O joão-pestana não vem, 
o teu sorriso sugere fazer-me cocegas no peito como que a
pedir para que este louco não se esqueça de ti. 
E aí choro, 
mais ainda… 
eu não vou esquecer-me de ti porque simplesmente tu fazes
parte de mim. 
Sinto que mais uns dias na solidão da tua ausência e 
atinjo o pico da demência, 
sinto que as tuas mãos não são mais apenas um pouco de carne
de pele macia que me acaricia o ego, 
são a âncora que me segura neste planeta do bem-querer. 
Sim, amo-te, 
tu sabes, 
pois já to disse baixinho, 
já to gritei, 
já o escrevi em tantos lugares, 
já to sussurrei com o olhar, 
já o desenhei no teu corpo com as marcas do meu suor, 
mas sim, amo-te, 
mil vezes por segundo, 
no sol ou na neve, 
no dia ou na noite, 
quando estamos juntos ou separados por um oceano, 
aqui e aí, 
antes, agora e depois. 
Sei que a vida é curta, 
mas sinto que este amor é eterno. 
Sinto que este pedaço de tempo terrestre é apenas um estágio
onde justificamos que merecemos um quarto no éden da imortalidade.” 
Paulo Costa

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