Podia deixar o galho frágil
onde pousa a minha vida,
abandonar o rotineiro rebuliço
das aves que abalam.
Que sou eu mais que um pássaro só
que uma folha que no outono desiste
e se desfaz?
Desejo desejar soltar
esta existência cúmplice,
ser gaivota errante no amanhecer
de uma tempestade,
grito surdo de uma onda que se despedaça
para ser praia e maré.
Porque metade de mim permanece nas águas que choro,
outra metade partiu na certeza de um sol.
Sou azul como as gaivotas ao final da tarde,
branca como o leite que não bebi da ternura
mel como o sumo dos favos que abelhas interromperam.
Por que(m) espero?
Lília Tavares
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