sexta-feira, 13 de maio de 2011

“Tenho medo de ser hipócrita. Tenho medo de simular uma coragem que não possuo, uma resposta à qual não dê crédito. Medo da palavra que finge caridade, que simula o acolhimento, quando na verdade o que existe é total e vergonhosa indiferença. Tenho medo de fingir uma fé que não professo. Realizar um rito que não me envolve, que não me devolve, que não me transforma e que por isso não me oferece aos outros.
Meu amigo, talvez seja por isso que eu ame tanto a poesia. Ela é um lugar especial onde as verdades humanas se mostram sem máscaras. O medo da dor, da solidão, da morte, da perda, tudo está tão à mostra nos manuscritos confessos. O poeta e sua revelação.
A vida crua, real ainda que em palavras. O poeta e sua transfiguração. Nele e a partir dele a humanidade alcança a hermenêutica como se o fogo da verdade fosse novamente retirado do Olimpo e entregue aos homens. A poesia ameniza o peso dos medos, porque o amor resolveu fazer sua casa nos terrenos da linguagem poética.
Há poema mais bonito que um gesto de amor? Até os iletrados são capazes dessa literatura.”

Padre Fábio de Melo

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