Ouço o teu bater frenético às portas do céu.
Todas as fúrias do inferno te perseguem.
Todos os medos e desejos gritam através da escuridão.
A bondade que querias escolher desliza para longe,
E o mal parece estar cada vez mais perto.
Meu amado, eu não Me escondi no Céu,
Estou escondido no teu coração.
Não bradarei sobre o ruído dos teus desejos.
Não abafarei o estrondo das tuas maquinações.
Ouvirás se Eu gritar mais alto que os demónios?
Conhecerás a Minha voz se Eu a erguer?
Não, filho, escuta o Meu sussurro.
És livre de fazer essa escolha.
És livre de fugir do turbilhão.
És livre de partir e procurar a paz.
Deixa as mentiras.
São uma prisão
Onde és torturado continuamente pelo tua própria voz.
A violência que cometes ergue muralhas de fúria e alienação à tua volta.
Cada crueldade é um espinho no arvoredo cerrado que ensombra a tua beleza.
Cada gesto de bondade teu e cada palavra verdadeira
É mais uma chave que te libertará.
Eu não Me escondi no céu.
Não fechei os olhos nem tapei os ouvidos.
Vejo aquela mãe que chora. Amparo-a através das suas lágrimas lentas e escaldantes.
O seu filho errante é também Meu filho.
Vemos juntos quando ele escolhe o que é mau e errado
Mesmo se lhe mostrámos o que é bom e certo.
Estou à espera com aquele pai desesperado.
Observamos juntos a fúria sombria da sua filha adolescente.
«Paciência», ouvir-me-á ele sussurrar,
«Ela há-de voltar, ela ama-te muito.»
«Ela não sabe ser quem é
Ou em quem se está a tornar.»
Filho, ouço-te suspirar, soluçar.
Vejo os teus ombros abatidos pela derrota.
Sempre a tentares, muitas vezes a falhares, o bem que fazes parece transformar-se em mal.
Meu filho precioso,
Exigir-te-ei contas do que te pedi, de nada mais.
Sê apenas fiel à tarefa que te determinei.
Tenhas êxito ou não, isso não me importa.
Vive como Me ouves a falar em ti.
Vive a verdade que aprendes comigo.
Depois não importa onde te levará a estrada.
A bondade que vives libertar-te-á.
Desmond Tutu e Mpho Tutu
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